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Mariana Marteleto tem 23 anos, é estudante, atriz e jogadora de futebol. Atualmente vive em Londres, na Inglaterra, onde estuda teatro e joga com um time amador.

 

 

 

Quando / onde você começou a jogar futebol?

Eu não sei exatamente, mas deve ter sido por volta dos meus cinco ou seis anos. Não consigo me lembrar de um tempo na minha vida em que eu não jogava futebol, talvez tenha sido mais nova, até. Eu tenho um irmão mais velho e morava em um prédio no qual a maioria das crianças era menino. Possivelmente por causa disso eu comecei a jogar. Lembro de ter uns três anos e meu pai e meu irmão estarem jogando e eu passar no meio elevar uma bolada no rosto (não sei o quanto isso é relevante, mas para mim é um marco de como o futebol sempre esteve “marcando” a minha vida).

 

Já enfrentou algum tipo de problema, preconceito ou resistência por jogar futebol? Quais?

Na época em que eu comecei a jogar era praticamente um taboo menina jogar futebol, pelo menos na perspectiva da minha família (não existiam muitas meninas jogando, também). Na maioria das vezes minha família não se opunha ao fato de eu jogar futebol no prédio com os meninos, mas quando mudava o contexto muitas vezes eu encontrei resistência. Já ouvi incontáveis vezes comentários machistas e homofóbicos em relação à mulheres que jogam futebol. Falavam que eu era café-com-leite quando criança porque eu era menina. Quase saí no tapa com um moço quando eu tinha uns doze ou treze anos e ele uns quatorze ou quinze, porque ele estava sendo um “escroto” comigo em quadra. Ser mulher e jogar futebol no Brasil é um ato de resistência.

 

Você considera o futebol feminino (profissional e amador) negligenciado no Brasil? Por quê?

Eu não tenho conhecimento suficiente para analisar exatamente o porquê, mas posso dizer que é definitivamente negligenciado.

 

Quais são as principais barreiras/dificuldades enfrentadas pelo futebol feminino hoje?

Novamente, não tenho conhecimento suficiente para uma melhor elaboração da resposta, mas tenho a impressão de que a cultura machista dominante é uma das principais barreiras. É lógico que a falta de financiamento e de incentivo são grandes também, mas me questiono se a falta de investimento no esporte não parte de um pressuposto de que ninguém teria interesse porque são mulheres jogando.

 

De que forma o futebol influencia a sua vida pessoal?

Nossa, de todas as maneiras! O futebol sempre fez parte do meu aprendizado. Desde nova me ensinou que eu preciso batalhar por aquilo que eu quero e que ser diferente não é um problema. Também sempre foi fonte de amizades transformadoras e inspiradoras. Aprendi muito a aplicar coisas que o futebol me ensinou na vida, como por exemplo: se você errou o gol, não tem porque ficar lamentando o gol perdido enquanto a bola do jogo ainda está rolando.

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